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domingo, 16 de maio de 2010

Crise do feudalismo- 7o Ano

Baixa Idade Média: as transformações do feudalismo

A partir do século Xl, o feudalismo entrou em crise e começou a sofrer transformações. De um modo geral, as mudanças do sistema ocorreram no sentido de sua abertura, mas em algumas regiões da Europa Oriental houve tendência ao fechamento. Abertura, no caso, significava iniciar a transição para o sistema capitalista. Fechamento significaria o enrijecimento da condição servil.

Essas tendências dependiam de duas condições principais: maior ou menor disponibilidade de terras cultiváveis e maior ou menor desenvolvimento das atividades comerciais. Se não houvesse mais terras para arar, não haveria como aumentar as obrigações servis; seria preciso mudar as relações de trabalho, para torná-las mais produtivas. Entretanto, se existissem no feudo terras ainda não utilizadas e disponíveis para cultivo, o senhor tenderia a aumentar as obrigações dos servos, expandindo as áreas plantadas e forçando-os a trabalhar nelas.

Um maior desenvolvimento das atividades comerciais também conduziria à abertura, uma vez que o aumento do consumo direcionaria a produção do feudo para o mercado urbano. Já um comércio pouco desenvolvido manteria a economia do feudo estagnada e não provocaria mudança das relações servis. Em resumo, a combinação de pré-capitalismo desenvolvido com pouca disponibilidade de terras levaria à abertura, e a combinação contrária, ao fechamento.

Na Europa Ocidental, predominou a tendência à abertura. Os senhores feudais, necessitando de moedas devido às novas condições econômicas, mudaram as obrigações em produtos para pagamentos em espécie (isto é, monetários). Mas, com o passar do tempo, as obrigações monetárias fixas perderam parte de seu valor, devido à inflação provocada pelo aumento do dinheiro em circulação e pela redução do teor de ouro de certas moedas.

A ruptura das relações servis deu-se de forma variada: o senhor vendeu a liberdade ao servo, expulsou-o da propriedade ou o servo fugiu. A terra cultivada pelo servo passou então para um trabalhador livre, dentro de uma relação não mais costumeira e sim contratual (arrendamento ou meação). Em conseqüência, o número de servos na Europa Ocidental diminuiu drasticamente, chegando em alguns lugares a desaparecer. Entretanto, houve países em que a servidão sobreviveu até ao século XVIII (França, por exemplo). Na Rússia, os servos só foram libertados em 1861.

As crises da Baixa Idade Média

Durante o século XlV o crescimento econômico da Europa sofreu uma crise de retração. Várias foram as razões para que ela ocorresse.

O acentuado crescimento demográfico exigia mais alimentos do que o sistema feudal conseguia produzir. Os preços dos gêneros eram altos e a maioria das pessoas vivia mal nutrida. Os organismos debilitados eram presa fácil das mais diversas doenças.

Para piorar o quadro, entre 1317 e 1385 a Europa sofreu crises climáticas cíclicas, provocando secas que reduziram as colheitas e agravaram a situação de fome.

A população urbana vivia em grande promiscuidade, dentro dos muros que circundavam as cidades. Ruas, estreitas, casas amontoadas e dejetos escorrendo pelas ruas eram focos de infecção e contágio. Esse panorama complicou-se dramaticamente em 1348, com a chegada de um vírus vindo da Ásia, trazido por um navio procedente de Constantinopla e que aportara em Marselha. Transmitida pela pulga que se hospedava no rato cinzento — uma espécie até então desconhecida dos europeus — a doença disseminou-se pelo continente, fazendo dezenas de milhares de vítimas. Foi essa a tristemente célebre Peste Negra (uma forma de peste bubônica), que matou cerca de um quarto da população européia. A densidade demográfica foi alterada, os mercados se retraíram, e com eles o desenvolvimento do capitalismo.

No final do século XIV, começou a recuperação. A primeira metade do século XV foi marcada por um notável surto econômico, o qual iria gerar uma nova crise — desta vez, uma crise de desenvolvimento. Como no século anterior a população européia diminuíra, os produtos artesanais e agrícolas não encontravam um mercado consumidor compatível. Além disso, o comércio estava sendo prejudicado pela redução do meio circulante (dinheiro em circulação), visto que a Europa estava sofrendo uma drenagem de suas moedas, utilizadas para pagar os produtos importados do Oriente.

A solução para essa nova crise seria a abertura de mercados extra-europeus, consumidores e fornecedores; esse processo implicaria necessariamente o estabelecimento de novas rotas marítimas.

A crise de desenvolvimento do século XV explica portanto a Expansão Marítimo-Comercial Européia, da qual resultaria a consolidação do capitalismo comercial e a desintegração do feudalismo — embora resquícios feudais sobrevivessem ao longo da

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