Planeta Sustentável

sábado, 20 de abril de 2013

Palestra sobre Islamismo realizada pela professora Cristiane Duarte


O Islã

Religião originária do Oriente Médio – surgiu no século VII d.C, na Península Arábica, região atualmente conhecida como Arábia Saudita. A região tinha em sua maioria beduínos, tribos nômades de comerciantes que faziam o transporte do comércio internacional e viviam no deserto; viajavam do sudeste da Ásia até a África ocidental. Atravessavam a Península Arábica levando em suas caravanas artigos de luxo, especiarias e incenso até o Mediterrâneo.

Naquele tempo haviam dois grandes impérios, o Bizantino, que ficavam na região do Mediterrâneo e Europa, e o Persa, onde atualmente é a região do Irã. O povo árabe situava-se, espacialmente, no meio dos dois impérios. Neste contexto, em 622 d.C., um comerciante de nome Maomé, que morava em Meca, recebeu uma revelação do anjo Gabriel, mandando que ele se levantasse e escrevesse o que seria ditado. Maomé nascera em 570 d.C. e como a maioria da população da época era semianalfabeto, sabendo apenas o básico para realizar operações comerciais, e não sabia escrever. A princípio, alguns membros da família acreditaram na revelação recebida por ele e o apoiaram. Porém, os comerciantes mais influentes de Meca não agiram da mesma maneira, tornando-se hostis às ideias de Maomé e de sua nova crença. Havia em Meca uma espécie de altar para culto aos deuses pagãos, chamado Kaaba. Em volta da Kaaba, havia símbolos de diferentes cultos pagãos e Maomé, ao anunciar o princípio do Islã, derrubou todos eles, quebrando-os inclusive.

Meca era uma cidade relativamente desenvolvida que se mantinha do comércio religioso, das peregrinações e também de produtos trazidos de outras regiões, comercializados pelos caravaneiros. A mensagem islâmica dizia só haver um Deus a ser adorado e que esse deus era Alá (Allah), diferente do Cristianismo que pregava a trindade. Isso perturbou a paz dos comerciantes locais, os quais começaram a atacar os ideais de Maomé, culminando em um movimento de caçada ao religioso. A essa época, alguns comerciantes além de membros da família já apoiavam Maomé e o Islã. Fora preciso que ele e alguns de seus seguidores se transferissem para Medina, a fim de sobreviver e defender a religião. Esse fato ficou conhecido com hégira.

Em 632, Maomé consegue retornar à Meca, em melhores situações e é recebido na cidade como um grande líder religioso.

Medina também era um centro urbano desenvolvido e situava-se na rota entre Índia e Mediterrâneo como Meca. Nessa cidade, os primeiros crentes do Islã construíram sua primeira mesquita, local onde são realizadas as orações em conjunto. Com o passar dos anos, após a expansão islâmica, a arquitetura foi-se modificando, constituindo-se de um salão central – no qual há um espaço reservado (mirhab) para o imam (orientador da oração) guiar a prece coletiva – e pátios. O imam poderia ser qualquer muçulmano, não representava um posto como o de padre no Cristianismo. A mesquita, por sua vez, era um local de oração, mas também servia de local de encontro e de estudo, onde podiam estudar Direito, Teologia e também Literatura.

O livro sagrado do Islã, o Alcorão, surgiu após a morte de Maomé. Abu Bakr, um dos seus sucessores mandou que reunissem todos os ensinamentos e revelações recebidas por Maomé em um livro para que todo muçulmano lesse e conhecesse a palavra divina. Alcorão significa leitura sagrada, é escrito em árabe conforme foi ditado a Maomé. Os muçulmanos consideram-no um texto divino, pois é a forma escrita da revelação de Deus ao Profeta, ao contrário da Bíblia, que foi escrita por homens sobre a mensagem divina.

Os princípios do Islã, os pilares, são cinco:

O primeiro pilar é a shahada (testemunho). É a profissão de fé. Todo indivíduo que quiser converter-se ao Islã deve dar seu testemunho que “só há um Deus e Maomé é o seu profeta”. Ao repetir essa frase, é convertido ao Islã. Mas não basta dizer da boca para fora, é necessário acreditar e praticar os quatro outros pilares.

O segundo pilar é a salat (prece). Todo muçulmano dever orar cinco vezes ao dia, voltado para Meca. Cada um deles possui uma bússola de forma a orientar a direção que aponta para a cidade de Meca, em qualquer lugar do mundo. Na 6ª feira, ocorre a oração conjunta (jum’a) realizada na Mesquita. A chamada para a oração é feita pelo muezzin que recita a shahada cinco vezes, convocando os fiéis à oração. No início da religião, o muezzin ‘entoava’ o chamado do alto de um minarete da mesquita. Nos dias atuais, a chamada é feita por megafones instalados nos minaretes, que reproduzem uma gravação.

O terceiro pilar refere-se à caridade (zakat). É uma ajuda aos necessitados.  Implica na gratidão de Deus por observar sua generosidade ao próximo. É uma forma de veneração indireta a Deus, uma vez que cuidando e ajudando um irmão, o muçulmano está venerando Deus.

O quarto pilar é o jejum (sawn), praticado no 9º mês lunar, o Ramadã. A cada ano, o período do Ramadã pode mudar de acordo com o ciclo lunar. Neste período, o muçulmano não pode comer nem beber do amanhecer ao anoitecer. Costumam quebrar o jejum após o por do sol com água e tâmaras, antes da ceia realizada em casa. Quem estiver em viagem ou doente ou apresentar qualquer outra situação que o incapacite de jejuar é liberado.

O jejum não é uma prática originária do Islã. O Judaísmo e o Cristianismo já o praticavam com fins de penitência e purificação. No Islã o jejum representa um processo de purificação da alma, de autocontrole e disciplina das emoções, facilitando o aumento da tolerância e da compreensão a respeito das dificuldades do próximo.

O quinto pilar é o hajj (peregrinação). Os muçulmanos que tiverem condições (financeiras, salutares) de realizar a peregrinação à Meca, devem fazê-la pelo menos uma vez em vida. É realizada no 12º mês do ano. Os peregrinos vestem uma túnica especial de cor branca, sem costuras, similar às mortalhas. Chegando a Meca, dirigem-se à Kaaba, onde circundam diversas vezes a pedra, em oração.

Quando o exército de Maomé começa o processo de expansão para levar a mensagem a outros povos, após a vitória sobre os persas e os bizantinos, vitória que os muçulmanos chamam de milagre da fé, apresentam-se àquelas populações cansadas de tanto guerrear como hóspedes pedindo permissão para entrar. Não invadem as regiões, não saqueiam e nem espalham medo, ao contrário, procuram tranquilizar os povos a respeito das práticas religiosas que praticavam, garantindo-lhes que seriam preservadas, assim como suas propriedades, e que receberiam proteção se aceitassem o novo governo e a nova forma de poder. Embora Islã signifique submissão à vontade de Deus, não obrigavam os povos à conversão. Por consequência, as populações dos territórios ocupados acabavam submetendo-se não por coerção, mas por opção. Não buscavam se sobrepuser aos outros povos, mas conviver como alguém que vinha compartilhar uma nova vida à luz da fé. A expansão islâmica não se deu para conquistar territórios, mas para trazer os povos para a verdade divina, para trazê-los à luz.

Com a expansão muçulmana, o árabe passou a ser a língua científica universal como o inglês é hoje para o mundo. Era a língua da administração (inicialmente mantiveram o grego), da filosofia, das ciências, da teologia e da literatura. O Islã e a língua árabe propiciaram ao mundo do século VII ao XIII uma unificação na qual o denominador comum não era a religião, mas o conhecimento, a cultura. Pesquisaram todas as ciências possíveis, em especial a Medicina e a Matemática. Também contribuíram para um maior cuidado com saúde pessoal e construíram os primeiros hospitais, dos quais ainda podemos encontrar resquícios em Damasco, Egito, Iraque e Espanha.

A mensagem do Islã traz-nos a noção de que só existe um Deus e que devemos ser bons, generosos e perdoar o próximo, ou seja, que procuremos viver o mais próximo possível da imagem do criador para que mereçamos seu amor e sejamos salvos. Para o Islã, todos são iguais perante Deus, pois todos somos filhos dele. Não cultuam imagens, diferente do Judaísmo e do Cristianismo, mas fazem uso de pinturas, geralmente com temas geométricos ou relativos à natureza, esculturas e da palavra, ou melhor, da caligrafia como fonte de arte, já que acreditam ser a escrita a portadora do conhecimento e da palavra de Deus, fonte de luz.


 






















 
Caaba na cidade de Meca: local sagrado dos muçulmanos
 

 
Mesquita na Arábia Saudita
 
 
 
 

 
 
 Sunita e xiita
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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