As subregiões nordestinas
Os
espaços geográficos são muito diversificados no Nordeste. A organização
geográficas das atividades econômicas ajuda a compreender essas
diferenças. Encontramos importantes centros industriais voltados para a
produção de petróleo, aço e substâncias químicas ao longo da litoral,
enquanto existem pequenas tecelagens domésticas espalhadas por cidades
do interior da região nordestina.
A
agricultura também exibe situações muito desiguais. Existem usinas
canavieiras que empregam bóias frias, imensos latifúndios de criação de
gado, modernas explorações irrigadas onde se cultivam frutas tropicais, e
minifúndios familiares que produzem produtos para subsistência.
No
interior semi-árido, muitas pessoas jamais viram uma grande cidade,
usam jumentos como meio de transporte e de carga, vestem-se com roupas
feitas de couro dos animais criados nas fazendas. Por outro lado, no
litoral úmido e turístico, há metrópoles de milhões de habitantes, que
apresentam problemas típicos das grandes cidades do Sudeste:
favelização, poluição do ar, congestionamento de trânsito, etc.
A
natureza e a história dividiram o Nordeste em sub-regiões, ou seja,
áreas menores que possuem uma série de características comuns. São
quatro as sub-regiões nordestinas: a Zona da Mata, o Agreste, o Sertão e
o Meio Norte.
a) A zona da mata
É
a faixa litorânea de planícies que se estende do Rio Grande do Norte
até o sul da Bahia. As chuvas são intensas e há duas estações bem
definidas: o verão seco e o inverno chuvoso.
Na
época colonial, instalou-se nesse área o empreendimento açucareiro
escravista. As condições ecológicas são ideais para o cultivo da cana.
Os solos, férteis e escuros, conhecidos como massapê, cobrem os vales
dos rios, que ficaram conhecidos como "rios do açúcar". Vários desses
rios são temporários, pois suas nascentes localizam-se no interior do
semi-árido.
Essa subregião é a mais desenvolvida do Nordeste e as principais capitais nordestinas estão ai localizadas.
b) O Agreste
É
uma faixa de transição entre a Zona da Mata e o Sertão nordestino. De
largura aproximadamente igual a da Zona da Mata, corre paralelamente a
ela, do Rio Grande do Norte ao sul da Bahia. Embora, como no Sertão,
predomine o clima semi-árido, as secas do Agreste raramente são tão
duradouras e os índices pluviométricos são maiores que os registrados no
Sertão.
Na
verdade, grande parte do Agreste corresponde ao planalto da Borborema,
voltada para o oceano Atlântico, recebe ventos carregados de umidade
que, em contato com o ar mais frio, provocam chuvas de relevo. Na
encosta oeste do planalto, as secas são freqüentes e a paisagem desolada
do Sertão se torna dominante.
O Agreste desenvolve uma policultura que abastece a Zona da Mata de alimentos.
c) O Sertão
Mais
de metade do complexo regional nordestino corresponde ao Sertão
semi-árido. A caatinga, palavra de origem indígena que significa "mato
branco", é a cobertura dominante e quase exclusiva na imensa área do
Sertão.
A
ocupação do Sertão, ainda na época colonial, se deu pela expansão das
áreas de criação de gado. A pecuária extensiva representa, até hoje, a
principal atividade das grandes propriedades do semi-árido.
No Sertão as precipitações pluviométricas são muito baixas (Polígono das secas).
- As cercas e a indústria da seca
As
secas são fenômenos naturais, antigos e inevitáveis. Mas a natureza não
é culpada pelos desastres que elas provocam. Esses desastres poderiam
ser evitados se a economia e a sociedade do Sertão estivessem
organizadas de outra forma.
A
agricultura sertaneja está baseada no cultivo de alguns produtos
alimentares - como o milho e o feijão - que não se adaptam bem à
irregularidade das chuvas e aos duros solos ressecados.
A
economia sertaneja está baseada nas grandes propriedades de criação de
gado. Nesses latifúndios, vivem os trabalhadores rurais e sua famílias,
recebendo um salário miserável para cuidar do gado e das plantações dos
fazendeiros. Além disso, cultivam pequenas lavouras alimentares para o
consumo familiar, em lotes de terra junto às suas casas.
As
secas não atingem igualmente a todos. Nas grandes secas, os
trabalhadores rurais perdem suas colheitas, mas o gado do fazendeiro
geralmente consegue se salvar, consumindo a água armazenada nos açudes.
Também o algodão seridó, principal produto das plantações comerciais dos
latifúndios, resiste à seca.
Historicamente,
as políticas dos governos federais e estaduais contribuíram para manter
a desigualdade na distribuição da terra e dos recursos produtivos.
Nunca se realizou uma reforma agrária para permitir aos camponeses o
acesso a propriedades de dimensões adequadas. Nunca se estimulou a
mudança da agricultura sertaneja, promovendo-se o plantio de produtos
mais adaptados à irregularidade das chuvas. As políticas governamentais
se limitaram a combater a falta de água.
Nas
grandes secas, o governo federal distribui cestas de alimentos e abre
frentes de trabalho de emergência. Essas ações, que parecem ser uma
ajuda para a população pobre, assinalam o funcionamento da "indústria da
seca".
As
cestas de alimentos são distribuídas pelos políticos locais, pelos
prefeitos e vereadores das cidades sertanejas. Em geral, esses políticos
são parentes ou amigos dos fazendeiros. Muitas vezes, o próprio
latifundiário, conhecido como o "coronel", exerce o cargo de prefeito.
As cestas de alimentos transformam-se em votos nas eleições, garantindo a
continuidade do poder da elite.
As
frentes de trabalho empregam camponeses que perderam as suas safras.
Por salários muito baixos, esses trabalhadores constróem açudes e abrem
estradas. Os açudes servirão para manter vivo o gado dos latifúndios na
próxima seca. As estradas ajudam a transportar os produtos comerciais
das fazendas. A seca é um bom negócio para muitos latifundiários!
d) O Meio-norte
Abrange os estados do Piauí e o Maranhão. Do ponto de vista natural, é uma sub-região entre o Sertão semi-árido e a Amazônia equatorial.
Essa
sub-região apresenta clima tropical, com chuvas intensas no verão. No
sul do Piauí e do Maranhão, aparecem vastas extensões de cerrado. No
interior do Piauí existem manchas de caatinga. No oeste do Maranhão,
começa a floresta equatorial. Por isso, nem todo o Meio-Norte
encontra-se no complexo regional nordestino: a parte oeste do Maranhão
encontra-se na Amazônia.
O
Vale do Parnaíba é uma área especial. Recoberto pela Mata dos Cocais,
tornou-se espaço de extrativismo vegetal do óleo do babaçu e da cera da
carnaúba. Essas palmeiras não são cultivadas. A exploração dos seus
produtos consiste apenas no corte das folhas da carnaúba e em recolher
os cocos do babaçu que despencam da árvore.
OBS. A
atividade pecuarista foi a responsável pela fundação de Teresina, a
única capital estadual do Nordeste que não se localiza no litoral.
* Conteúdo retirado do blog do Professor: André Vasconcellos .
bacana!
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